Debbie
tinha apenas 16 anos quando seu professor de inglês a
seqüestrou e lhe tirou a vida.
Sua
mãe, Betty, ficou tão deprimida com o acontecido que
todas as noites bebia até dormir. Passou a negligenciar
seus outros quatro filhos.
Dia
após dia ela amaldiçoava o assassino. Ele lhe retirou
o hálito de vida.
Ele
destroçou a vida de uma adolescente risonha que tecia
planos para o futuro.
Nada
diminuía a dor de Betty, nem a ausência de qualquer
motivo evidente para aquele crime terrível. Nem a
condenação do professor Ray Payne à prisão perpétua.
O
ódio a consumia. Começou a ter dores de cabeça
constantes, dor nas costas.
Depois
de algum tempo, mal conseguia ficar de pé.
Seis
anos se passaram assim, lentos, doloridos, sofridos. Até
que, certo dia sua irmã morreu. Durante o funeral,
alguma coisa a impressionou.
Foi
um trecho do Pai Nosso, a respeito do qual nunca, até
então, ela meditara:
"...assim
como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido."
Ela
procurou literatura a respeito do perdão. Talvez
encontrasse uma resposta para sua vida.
Foi
visitar o túmulo de Debbie. Pela primeira vez leu com
atenção o que estava gravado na lápide:
"O
mundo precisa agora é de amor."
Logo,
Betty estava repetindo em voz alta, como se fosse um
mantra, as palavras:
"Quero
perdoar Ray."
Meses
depois, resolveu escrever ao assassino:
"Cansei
de sentir raiva de você. Posso visitá-lo?"
Onze
anos depois da morte de sua adorada filha, Debbie
visitou Payne na prisão.
Ela
disse a ele o que Debbie significava para ela. O quanto
ela sofria. Ambos acabaram chorando.
Quando
ela saiu da prisão, naquele dia, sentia-se uma pessoa
diferente. Seu coração estava leve.
Ela
havia lançado algo fora: a mágoa, a raiva que tanto a
haviam consumido naqueles longos e arrastados onze anos
de ausência de sua Debbie.
Os
amigos, espantados, não conseguiam entender a sua
atitude. A sua resposta era:
"O
perdão foi o maior presente que dei a mim e aos meus
filhos."
Atualmente,
Betty trabalha como mediadora num programa para vítimas
de crimes violentos.
Em
paz consigo mesma, ela afirma que foi uma incrível
jornada de cura que salvou a sua vida.
E
a jornada se chama perdão.
O
perdão substitui sentimentos hostis que destroem a
organização física, a paz, por sentimentos positivos
que fazem o corpo se acalmar, relaxar, melhorando a saúde.
Agarrar-se
a um ressentimento por meses ou anos significa assumir
um compromisso com a raiva.
O
perdão pode ser um poderoso antídoto contra a raiva.
Quem se permite consumir pela raiva faz ligações
perigosas com a hipertensão crônica e tem aumentado o
risco de doenças cardíacas.
Além
de acarretar benefícios emocionais, purgar a raiva pode
ajudar a curar parte do que nos aflige fisicamente.
O
simples fato de pensar em solucionar uma mágoa já pode
ajudar.
Na
Irlanda do Norte foi realizado interessante estudo com
17 adultos que haviam perdido parentes por causa da violência
terrorista.
Com
uma semana de treinamento para o perdão, seu sofrimento
mental caiu cerca de 40%.
Foi
constatado 35% de redução das dores de cabeça, dor
nas costas e insônia.
Vale
a pena perdoar! É uma questão de desejar o bem para si
mesmo.
***
Não
existe uma solução única para os males do coração.
Se você não conseguir perdoar totalmente, só o fato
de não estar fervendo de raiva, nem planejando vingança,
é um bom começo.
De
toda forma, o perdão é poderoso. Embora não possa
mudar o passado, pode conduzir a um futuro mais saudável
e feliz.
Lisa Collier Cool