Se não tivesse o Amor...
Eu poderia falar a língua
dos homens, como testemunho de cultura, e dos anjos, cantando louvores, mas,
se em pensamentos, palavras, gestos, atos e atitudes eu não revelasse
amor no nobre testemunho expresso pela verdade da minha alma, esses
pensamentos apenas projetariam sombras no universo de muitas vidas; essas palavras
seriam vãs, porque estariam a serviço da mentira manifestando a hipocrisia ;
esses gestos não estariam exemplificando virtudes; esses atos não
poderiam dignificar uma existência; e essas atitudes não teriam o mínimo valor,
porque não estariam revelando a verdade na plenitude do amor...
Eu ate poderia ser
caridoso a ponto de distribuir muito do que tenho com os pobres, mas se não soubesse
ser
generoso para dar a todos, de maneira incondicional, um pouco do que sou em
termos de respeito a fraternidade,
não estaria investindo no patrimônio da alma, pois o mérito da ação
está na direta dependência da verdade implícita na intenção...
Eu até poderia
entregar meu corpo para ser queimado, mas se não soubesse entregar a minha
alma para expandir
amor alcançando corações carentes, nada me adiantaria, pois o que
importa não são promessas a abstrações, mas,sim, justos ideais e
firmes ações...
O amor sabe ser tolerante,
porque respeita limitações do outro; sabe ser bondoso, porque se realiza conciencialmente
no sincero ato de doar, sem precisar de ninguém, absolutamente nada cobrar...
O amor não é
ciumento, porque não cria vínculo de posse, mas, sim, fortalece laços de
solidária entrega na livre comunhão de mútua confiança...
O amor não é
orgulhoso, não é egoísta, porque sabe investir no perene patrimônio da
alma, quando dá, e não se torna pobre, quando pede...
O amor não
é vaidoso, porque em gesto simples de carinho, e em atitudes nobres de doação, aprende
ser efêmera a beleza do corpo, quando se ampara na estética, e perene o
encanto da alma, quando se nutre da ética.
O amor não
é grosseiro, porque compartilhando sentimentos, descobre a maneira fraterna
de harmonizar emoções...
O amor não se
irrita, porque capacita a alma para exercitar a paciência, a serenidade, a
tolerância, quando ensina que conflitos de idéias não significam
necessariamente, hostil divergência de ideais...
O
amor não cria expectativas de cobranças, nem exigências de retorno, pois
significa no
testemunho livre da sincera doação,
e quem o sabe receber, guardando-o na firme memória de perene gratidão!!!
O amor não fica
magoado, porque aceita o outro no nível da sua própria limitação,
exercitando, se necessário, em quaisquer circunstâncias, a forma
humana mais sublime de generosidade; aquela que é materializada através
do
consciente gesto de irrestrito perdão!
O amor não se
alegra com o mal dos outros, porque, envolvido no trabalho fraterno de
compartilhar sentimentos minimizando tristezas e energizando esperanças,
preocupa-se em contribuir para rever novas e luminosas conquistas,
a partir de velhas e
sombrias perdas...
O legítimo amor tem
suas raízes não sementes de puras verdades; e por esta simples razão,
sempre colhe, não apenas no clima ameno de doces primaveras, ou no calor dos
alegres verões, mas, também, nas sombras de tristes outonos e de frios
invernos, não os frutos amargos da hipocrisia, mas, sim a sazonada seiva do
real afeto que
alimenta a alma...
O amor nunca
desanima, mesmo quando nuvens prenunciam fortes tempestades, ou caem em grandes
vendavais.
No mar da todas as torrentes, sempre haverá bússola de fé a
conduzir para o porto seguro da bondade, onde existe a âncora que o firma nos
luminosos planos da caridade!
Tudo passa,
por ser efêmero, fugaz, precário, transitório, temporal; só o amor perdura
para dar sentido à vida, reforço à fé, conforto na tristeza, equilíbrio
na alegria, esperança na saudade, perdão no ódio, e sinceridade na prece!!!
Tudo passa, só o AMOR permanece!
(Vera Lucia)
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