Reconstrução
Há momentos em que a Terra toda parece
chorar...
A chuva fina cai lá fora e aqui dentro de meu
coração.
Por vezes, não é fácil viver nesta Terra.
Mas... é preciso prosseguir!
Nada é por acaso.
Se eu estou aqui é porque assim tem que ser.
Estou aqui para sofrer, mas também para ser
Senhora do meu destino, com poder para atuar
frente às dificuldades e lutar pelos meus ideais.
Se o momento é de chorar, tenho que saber que
não é eterno. É mais um momento de luta, de
lutar para me reerguer e reconstruir a minha
felicidade.
E, se possível, estar consciente disto a todo o
instante, para não me entregar às vãs
lamentações.
Penso que, mesmo que eu não consiga realizar
todos os meus sonhos, ao menos eu estou
lutando e lutarei até o fim por eles.
Mesmo que, às vezes, sinta que o melhor é me
entregar, mesmo que, por vezes, a dor seja tão
profunda que queira levar com ela toda a minha
força interior, é preciso resistir e caminhar!
Uma singela e, ao mesmo tempo, forte prova de
vida nos dá o sol, astro imponente que se
agiganta no céu, clareando o dia, a natureza,
tudo o que toca...
Tempestades se formam e aparentemente
ofuscam o seu brilho. Mas, contudo, isto é
apenas uma ilusão: ele permanece intacto em seu
lugar, conservando em si toda a nobreza de um
grande astro.
Assim como o sol, porque não ser também Eu uma
Força que não se entrega? Morrendo um pouco
em cada dor, cambaleando e tropeçando, por
vezes, pelos caminhos, tateando às cegas, eu
tenho que seguir em frente.
Não posso e nem conseguiria permitir que
tempestades, ciclones, furacões abalassem o meu
brilho, porque sou maior do que tudo isso.
Sou Filha de um Astro bem mais fulgurante que a
luz de mil sóis. E sou imortal, em semente!
Por isto, devo aceitar esta dor que me flagela o
peito como parte do processo natural da vida.
Uma dor que posso fazer curativa, que me
reerguerá e que me fará ter mais consciência do
meu brilho e fortaleza interior.
E essas lágrimas derramadas, com certeza, farão
parte de meus troféus, posto que elas regam meu
jardim interior, para que novos botões tornem a
florescer!
(Rita Palhares)