Procurando Deus


 O velho sábio, satisfeito com todo o conhecimento que adquirira através dos anos, com tudo o que acumulara com seu trabalho, percebeu que andava triste; desmotivado em relação à vida, sentiu, então, necessidade de conversar com alguém de seu nível intelectual e experiência. Lembrou-se, então, de Deus. 
Há quanto tem
po não pensava Nele; há quanto tempo desistira de contatá-lo, já nem sabia mais. -Curioso ! somente agora, mais velho, pleno de conhecimento e com toda a tranqüilidade que me oferecem as minhas riquezas, é que estou sentindo falta de Deus. Por que será ?
Também - continua ele a matutar - neste mundo violento, nesta vida atribulada, quem é que consegue encontrar Deus ?
Assim pensando, providenciou cuidados adequados para seus bens materiais, para a família e partiu para o deserto em busca de Deus. A cada dia mais, vai penetrando naquela imensa desolação. Água, levara o essencial; comida, apenas, para não morrer  de inanição.  Assim vai ele, meditando, jejuando e a cada dia mais sozinho. Por fim; extenuado, sedento e faminto resolve abandonar a busca e permitir que a morte o leve até Ele. Quando começa a pressentir a proximidade dela, uma voz suave vinda de não sabe onde - dando até a impressão de vir de dentro de sua própria mente - o chama dizendo:
"Meu filho, por que buscas a Mim, aqui no meio do deserto? ".
Ele desperta daquele torpor e, mesmo fraco, tem forças  para circunvagar o olhar em busca da Origem daquelas palavras. Mas, nada vê.
Quando pensa em abandonar-se novamente, a mesma voz o chama dizendo:
"Meu filho ! Eu estou aqui, em nosso ponto de encontro. Aqui, dentro de teu coração".
-Vá; não blasfemes ! Afasta-te e deixa, ao menos, que eu morra em paz.
-Não te atemorizes. És parte de mim. Tu Me carregas, inconscientemente, em tuas células e Me contatas através  do coração, como sempre fizeste, antes de te tornares  "rico" e "sábio".
Estávamos em contato, quase permanente, quando oravas nas ruas, através de um sorriso amoroso dirigido a um velho triste ou a uma criança carente, que também era Eu. 
Caminhavas Meu caminho, quando o teu dízimo era um pão dado ao faminto da matéria ou uma palavra de carinho ao teu irmão, sedento de amor. Tu eras Eu, nos instantes em que tuas mãos acolhiam e amparavam a tua irmã mais velha que, já alquebrada, labutava com dificuldade na caminhada terrena. Por estes motivos que te enumerei e mais outros tantos, é que não me procuravas. Não sentias falta da Minha Presença porque, naqueles momentos, estava ativa a
Minha Essência em ti.
Estamos inevitavelmente ligados, sempre.
Somente não o percebes, porque está te faltando, agora, o amor espontâneo, a doação que te encaminha a esta percepção natural de nossa ligação eterna. Filho, ouve com atenção estas palavras, para que teu  coração as tenha gravadas, quando despertares: 
AMA ! 
E, somente assim, perceberás a Minha Presença em ti.

Carlos Gama.


 
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