FALSO DEUS 
 
Ângela Maria Crespo
 
Julguei-te um Deus e sobre um altar doirado
Deste meu coração,  depus a tua imagem;
Mas foste cruel, irrefletido, malvado,
Taxando-me sem dó, de infausta miragem.
 
Meu triste coração, suscetibilizado,
De amor e dor ao mesmo tempo estua,
E todo o tédio teu e toda magoa tua,
Provém de um ser jamais penalizado.

És um ser sem alma, me atiraste a face!
Trucastes assim de pérfida, transformando,
Uma questão de amor em mero interlace.

Mas, ainda te quero, mesmo sem legado,
Que seria de mim, se não me conformasse,
Com este sentimento que me foi logrado. 

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