A
laranja madura
Tio Juca
estava trabalhando em seu pequeno pomar, quando descobriu
entre as frutas verdes, uma bonita laranja, madura e
apetitosa.
Fazia
calor e ele estava com sede. Por isso mesmo exclamou:
- Que maravilha! Já tenho com o que me refrescar!
E, muito contente, abriu o canivete, pronto para saborear a
refrescante fruta. Mas não chegou a descascar a bonita
laranja. É que pensou na mulher e a imaginou cansada e
suada perto do fogão.
- Pobrezinha! - murmurou pensativo - vou levar-lhe a
primeira laranja de nosso pomar.
A esposa
recebeu o presente muito alegre. Entretanto, por sua vez,
lembrou-se da filha, que não tardaria a voltar do ribeirão,
onde estava lavando roupas.
- Pobre pequena! Comentou ela. Com esse calor, muito
apreciará esta laranja! E isso dizendo, guardou a
fruta para a filhinha.
Quando a
menina chegou, ficou muito contente ao receber a laranja.
Mas, pensando no irmão que não demoraria a estar de volta
da vila, aonde fora vender hortaliças, falou, decidida:
- Juquinha voltará cansado e com sede.... Com que prazer
ele chupará esses gomos! E, já feliz com a idéia,
correu à porteira para esperar o rapaz que logo
apareceu, suado e cansado conforme ela previra.
O irmão, satisfeito com a lembrança da menina, examinou a
linda fruta, tomado de guloso interesse. Entretanto, quando
se dispunha a descascá-la, lembrou se do pai e disse,
contendo-se:
- É o nosso bom velho que deve saboreá-la...
Ele é quem trabalha sem descanso no pomar, e foi ele que
plantou a árvore que deu tão bela fruta.
E sem
vacilar foi ao encontro do pai que, comovido, agradeceu o
carinho da lembrança, sem tecer, no entanto, maiores comentários.
Ao início da noite, porém, depois do jantar, ainda
reunidos em torno da mesa, Tio Juca agradeceu a DEUS a
felicidade que reinava em seu modesto lar. Depois, ante a
surpresa da família, colocou num prato a bonita, madura e
apetitosa laranja, e todos puderam deliciar-se com os
gomos da refrescante fruta que encontrara no pomar
(...)
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